A história dos Acordeons Veronese
No dia 29 de julho de 2006, o site www.oriundi.net divulgou uma matéria com o título El Museo del Acordeón, na casa do imigrante italiano pioneiro, segundo a qual, conforme informações da imprensa da cidade de Buenos Aires, Giovanni Anconetani, nascido em Anconta, teria fundado na Chacarita, bairro da capital Argentina, a primeira e única fábrica de acordeons da América do Sul, em 1918. Giovanni teria sido, então, o pioneiro. Engano.
No texto original da propaganda da Veronese, a comprovação do Pioneirismo |
O verdadeiro pioneiro, conforme comprova o pesquisador e professor de idioma e cultura italiana, Sergio Rigo, teria se instalado no Rio Grande do Sul, mais precisamente no município de Veranópolis, onde fez a primeira gaita artesanal em 1900, portanto 18 anos antes do seu compatriota que foi morar em Buenos Aires, cuja fábrica, onde hoje funciona um museu, remonta a 1918. Estamos falando de Túlio Veronese, natural de Vicenza, considerado o vovô das gaitas.
Na verdade, Túlio e Giovanni podem ser considerados contemporâneos e, ao trazer à tona mais uma vez a história do vovô das gaitas, longe de Sergio Rigo querer estabelecer uma polêmica ou uma disputa em torno de quem foi o verdadeiro pioneiro. No entanto, fatos são fatos e eles se destacam, acima de tudo, pela riqueza de uma trajetória que tem, como personagem principal, o imigrante italiano. Tanto Giovanni quanto Tulio deram sua contribuição escrevendo capítulos de um livro onde homens e mulheres, com criatividade, coragem e ousadia, fizeram uma história que repercute até hoje.
Leia, abaixo, o texto de Sergio Rigo sobre Tulio Veronese:
Tulio Veronese , nasceu em Vicenza, Itália, em 1875. Emigra, com seus pais, para o Brasil, aos dez anos de idade, indo morar no interior de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis, na localidade chamada de Quinta Magra.
Em decorrência do dom da Família, começa a tocar gaita. Não contente só com tocar gaitas, interessa-se e aprende a consertá-las, também. Constrói pequenas gaitas, ainda morando na Quinta Magra.
Desde cedo demonstra sensibilidade e dom para a música. A harmonia e a leveza de sua alma o levam à paixão pela gaita. Com 25 anos, em 1900, passa a morar em Veranópolis. Faz sua primeira gaita de forma artesanal. Nesse mesmo ano começa a fabricação de gaita de botão em série, com técnicas industriais. Surge a primeira fábrica de gaitas e de acordeões da América. O trabalho em Veranópolis é sempre de forma artesanal. Tem a ajuda do irmão Riciere. Dá início à longa história de amor e dedicação pela música, que contagiou os filhos (Fiorello e Ricardo), levando-os a montarem a Fábrica de Acordeões Irmãos Veronese em Porto Alegre, em 1930. Com o decorrer dos tempos, foi se aperfeiçoando, o que ocasionou a crescente necessidade de elementos habilitados para a confecção de acordeões. As peças utilizadas na fabricação dos acordeões eram todas desenvolvidas pela própria Fábrica e manufaturadas à mão, inclusive, parte da aparelhagem para construção da máquinas de som.
Desde cedo demonstra sensibilidade e dom para a música. A harmonia e a leveza de sua alma o levam à paixão pela gaita. Com 25 anos, em 1900, passa a morar em Veranópolis. Faz sua primeira gaita de forma artesanal. Nesse mesmo ano começa a fabricação de gaita de botão em série, com técnicas industriais. Surge a primeira fábrica de gaitas e de acordeões da América. O trabalho em Veranópolis é sempre de forma artesanal. Tem a ajuda do irmão Riciere. Dá início à longa história de amor e dedicação pela música, que contagiou os filhos (Fiorello e Ricardo), levando-os a montarem a Fábrica de Acordeões Irmãos Veronese em Porto Alegre, em 1930. Com o decorrer dos tempos, foi se aperfeiçoando, o que ocasionou a crescente necessidade de elementos habilitados para a confecção de acordeões. As peças utilizadas na fabricação dos acordeões eram todas desenvolvidas pela própria Fábrica e manufaturadas à mão, inclusive, parte da aparelhagem para construção da máquinas de som.
Em 1931, a Irmãos Veronese conquista a Medalha de Ouro na Exposição do Menino Deus, em Porto Alegre. Em 1935, concorrendo com as mais renomadas marcas européias, a Irmãos Veronese conquista a Medalha de Ouro, a Menção Honrosa e o 1º Prêmio na Exposição do Centenário Farroupilha. Ele acompanha os filhos e vai, também, morar em POA, por volta de 1939/40, dando ao trabalho de fabrico das gaitas e dos acordeões um toque de qualidade.
Em 1940, a Fábrica, localizada na Av. São Pedro, esquina com Av. São João, em POA, num barracão velho de madeira, enfrenta o seu primeiro problema internacional: a II Guerra Mundial, que lhe impedia de importar aço e celulóide (folhas que, trabalhadas com acetatos, dava o revestimento na madeira do acordeão). O celulóide, normalmente importada da Alemanha. Foi com muito trabalho e pesquisa que Tulio, com os filhos Fiorello e Ricardo, conseguiram substituir o celulóide por uma tinta especial, à base de cera de abelhas, feita por eles e, assim, a fábrica venceu esse obstáculo.
Em 1945, é feita a compra do imóvel na Barão do Cotegipe, N.º 400 e tem início a nova Fábrica. De 1945 até 1950 a Fábrica conquista mais duas medalhas de ouro em exposições internacionais no Rio de Janeiro. Neste período, é transformada em Sociedade Anônima.
Publicação em revista da
década de 1950.
|
A Fábrica atinge o auge no período de 1955 a 1960, produzindo, em média, 1.200 acordeões por mês, empregando cerca de 800 pessoas. Vendia-os ao mercado nacional, América do Sul e Europa.
Em 1967, a Fábrica de Acordeões Veronese encerra suas atividades, ainda no auge, face à crise financeira no País e outros instrumentos passam a fazer parte do modismo.
Durante toda a sua vida, Tulio Veronese se caracterizou pela simplicidade no agir. Como os grandes homens, sabia ouvir e, assim, afinava as gaitas e os acordeões. Seu ouvido afinado levou os Veronese ao 1º lugar na qualidade dos acordeões. Sem tirar férias, fazia-se presente à Fábrica diariamente, constituindo-se elemento imprescindível no setor de afinação. Afinava-os pelo processo eletrônico: A-440 ciclos por segundo.
Os acordeões Veronese, em sua construção, eram o mais prático e simplificado entre todas as marcas de acordeões do Universo. O acordeão, modelo PRESIDENT, é constituído de 3.509 peças, por exemplo. Primando pela qualidade, na elaboração das palhetas de som, empregava o melhor aço conhecido do mundo. Na linhagem das palhetas de som, usava o processo a frio – o mais aperfeiçoado existente – mantendo, assim, inalteráveis as propriedades físicas e químicas do aço. Face à inteligência e criatividade de Tulio Veronese, a Fábrica era a mais auto-suficiente do mundo.
Na sua simplicidade, dava o melhor de si e introjetava nos instrumentos. Os grandes homens sabem ouvir e, assim, Tulio Veronese afinava as gaitas e os acordeões. O ouvido afinado levou os Veronese ao 1º lugar e os olhos brilharem ante o brilho do ouro das medalhas, como em 1935.
Foi esta trajetória, permeada de vitórias, de simplicidade e de crença na cultura, que levou o Centro Cultural de Veranópolis a voltar os olhos ao passado e resgatar a memória do pioneiro no fabrico de gaitas e de acordeões da América, que, neste ano, comemora o centenário daquela iniciativa.
Tulio Veronese foi o precursor na fabricação de gaitas e de acordeões na América. É o resgate da memória e da história deste Ilustre veranense de coração, que, com sensibilidade e iniciativa, muito contribuiu para o desenvolvimento da cultura em nosso País.
Foi esta trajetória, permeada de vitórias, de simplicidade e de crença na cultura, que levou o Centro Cultural de Veranópolis a voltar os olhos ao passado e resgatar a memória do pioneiro no fabrico de gaitas e de acordeões da América, que, neste ano, comemora o centenário daquela iniciativa.
Tulio Veronese foi o precursor na fabricação de gaitas e de acordeões na América. É o resgate da memória e da história deste Ilustre veranense de coração, que, com sensibilidade e iniciativa, muito contribuiu para o desenvolvimento da cultura em nosso País.
Na homenagem, em 19-03-00, Veranópolis fez a entrega da placa comemorativa à Senhora Lucy Veronese Arpini representante da Família Veronese, como forma de demonstrar o carinho e o orgulho do povo veranense ao vovô das gaitas, Senhor Tulio Veronese.
O Centro Cultural de Veranópolis organizou uma exposição de gaitas e de acordeões Veronese, na Casa da Cultura. A mesma, ficou exposta de 19-03-2000 a 26-03-2000, sempre no horário das 14 às 21 horas.
Neste ato, fica o registro da homenagem do Centro Cultural de Veranópolis ao pioneiro no fabrico de gaitas da América, que neste ano comemora o centenário daquela iniciativa.
A harmonia de sua alma, fê-lo despertar o gosto pela música e a tocar gaita. Aos 25 anos, deu mais um passo: fez a primeira gaita de forma artesanal. E vê, 30 anos depois, seus filhos Fiorello e Ricardo montarem a Fábrica de Acordeões Veronese em Porto Alegre, onde vai dar o toque de qualidade.
O Centro Cultural de Veranópolis organizou uma exposição de gaitas e de acordeões Veronese, na Casa da Cultura. A mesma, ficou exposta de 19-03-2000 a 26-03-2000, sempre no horário das 14 às 21 horas.
Neste ato, fica o registro da homenagem do Centro Cultural de Veranópolis ao pioneiro no fabrico de gaitas da América, que neste ano comemora o centenário daquela iniciativa.
A harmonia de sua alma, fê-lo despertar o gosto pela música e a tocar gaita. Aos 25 anos, deu mais um passo: fez a primeira gaita de forma artesanal. E vê, 30 anos depois, seus filhos Fiorello e Ricardo montarem a Fábrica de Acordeões Veronese em Porto Alegre, onde vai dar o toque de qualidade.
O Capitel
Tulio Veronese foi vender gaitas em Antônio Prado, como fazia seguidamente: Ia a cavalo, colocando uma gaita de cada lado e ele montado. Na volta, onde fica o Capitel, o cavalo se assustou e caiu com a traseira fora da estrada (é uma ribanceira). O Tulio chamou por Santo Antônio e se salvaram ao encontrar uma árvore de escora. Tulio comprou a estátua e deu ao Moro Brunetto para guardar até fazer o Capitel. Foram deixando e a casa pegou fogo. A estátua foi dos poucos pertences que não se queimaram. Entre 2 a 3 anos após o incêndio, construíram o Capitel. (informações prestadas por Darlei Piccoli, sobrinho de Tulio e pela Sra. Lucy Veronese Arpini). Por Sergio Rigo
Tulio Veronese foi vender gaitas em Antônio Prado, como fazia seguidamente: Ia a cavalo, colocando uma gaita de cada lado e ele montado. Na volta, onde fica o Capitel, o cavalo se assustou e caiu com a traseira fora da estrada (é uma ribanceira). O Tulio chamou por Santo Antônio e se salvaram ao encontrar uma árvore de escora. Tulio comprou a estátua e deu ao Moro Brunetto para guardar até fazer o Capitel. Foram deixando e a casa pegou fogo. A estátua foi dos poucos pertences que não se queimaram. Entre 2 a 3 anos após o incêndio, construíram o Capitel. (informações prestadas por Darlei Piccoli, sobrinho de Tulio e pela Sra. Lucy Veronese Arpini). Por Sergio Rigo
Fonte: http://oriundi.net/site/oriundi.php?menu=noticiasdet&id=4883
Certificados de Garantia dos Acordeons Veronese - Década de 1960
29 comentários:
É simplesmente fantástica a iniciativa e criatividade dos italianos, não somente os ítalos-brasileiros, como seus antepassados. Parabéns ao Brasil que acolheu milhares de famílias italianas, que não precisavam de "capital externos" para se reinventarem. A Itália do pós-guerra que o diga. Graças a DEUS somos "italiani all'estero" no nosso querido Brasil.
Parabéns pela matéria. Estou querendo comprar um acordeon veronese e esse texto foi fundamental para minha decisão.
Boa tarde,
tenho uma para gaita para vender, foi de minha mãe, que faleceu em 2001, encontramos na casa de meu pai, fechada, com case, em otimo estado. Quem tiver interesse favor entrar em contato. 51 98120 0120.
Bah eu tenho um violão dessa empresa, está a muitos anos na minha família
Eu tenho uma veronese mesmo ela estando algumas teclas desafinada e muito boa , gostei muito da materia
Li a matéria e amei a história minha avó me vendeu a gaita veronese de 80 baixos vermelha que era do meu avô acho que ja tinha ha um bom tempo ele tocava na folia de Reis em Sao João dele Reis MG. Ela vendeu porque tinha muitos netos e para não ter briga. Foi em 1990 mais ou menos estou com ela desde então hoje estava tocando e resolvi saber mais a respeito da gaita encontrei esta matéria
Parabens
Bem legal a matéria. Preciso de uma ajuda tenho um acordeon do meu avó, que gostaria de restaurar , pelo que me falaram que precisa de uma caixa nova. Será que consigo restaurar?
Ola Cleymara ! Teria que me enviar ele para analisar qual o problema na caixa e ver se tem como reparar. Mande fotos para recantodasgaitas@gmail.com - Alexandre
Obrigado a todos pela visita ao meu blog ! Feliz 2019 a todos !
Boa noite ! Adorei a história desse renomado acordeon... Tenho uma 120 baixo,e vou preservar sabendo de sua história... Obrigado!
Tenho um acordeon Veronese guardado desde meus 10 anos, hoje tenho 62 anos, vou levar para ver se ainda funciona, esta guardada na caixa original até hoje.
Linda história, adquiri uma Presidente 7 registros tomada de cupim, estou em fase de desmanche vou restaurar completamente é uma ótima gaita sem dúvida.
Ganhei uma gaita Veronesi 50 baixos com 10 anos de idade e já era de 2a ou 3a mão. Hoje, 39 anos depois, a guardo com carinho, está um pouco desafinada, mas ainda tem um belíssimo som. Quero vendê-la, não por não a querer mais, mas porque preciso muito do valor dela. É uma relíquia!
Achei super interessante a história da família VERONESE e não sabia que o acordeon que comprei,hoje com 96 baixos,era o PRESIDENT um dos mais famosos dessa fábrica.Fico feliz com isso.EM TEMPO:ele é totalmente igual em sua forma ao SCANDALLI.TUDO.IGUAL
É só comparar
Comparei o Veronese com o Scandalli e os dois se parecem muito,não só na forma,pois utilizam o mesmo acabamento externo,não se confundindo apenas pela marca de cada um.Mas sonoramente,com muito respeito,o veronese não fica nada a dever a Scandalli.
ótimo resgate da história de nosso Rio Grande. Tenho um acordeon Verones que ganhei, novo, em 1065, lá pelos meus quinze anos. Toco até hoje, sonoriade perfeita e um excelente instrumento. Tenho uma pergunta: recentemente levei o acordeon para uma afinação em um senhor de uns 75/80 anos, que entende do assunto, aqui no estado de São Paulo, onde já moro há 30 anos. Ele me disse que esse meu acordeon é "importado da Italia", fabricado ainda pela Soprano. Pelo relato acima, não encontro evidências disso. Procede essa informação?
Tenho pesquisado muito sobre as marcas de acordeon; fiquei bem impressionado ao deparar-me com a bela história da marca "Veronese". Agora, tenho a convicção de poder comprar com tranquilidade, certo quanto à qualidade, seja qual for o modelo. No momento, tenho uma em vista com impecável estado de conservação, aqui na minha cidade, Rio de Janeiro-RJ, pelo valor de R$2.000,00. Com a matéria, adquiri mais segurança em comprá-la. Grato.
Achei um violao com o rotulo "Acordeoes Veronese" não achei nada a respeito sobre esse violao. Algum pode me informar sobre o mesmo, é da mesma fábrica dos acordeoes, mesmo ano etc. Grato a todos.
Compramos uma gaita veronese so que tem algumas paletas estragadas fiquei curiosa para saber se tem como achar peças para conserta la
Minha Veronese President 80 me trouxe aqui. �� Muito legal a história. Quando comprei não sabia de nada disso. Apenas senti que apensar de antiga estava muito bem afinada e tinha um som maravilhoso. O basson eu nunca vi timbre mais agradável nem na Giullietti kkkk
Acho q o amor cresceu depois dessa história, de saber suas origens.. obrigado pela matéria e obrigado a minha amiga Pedrita que me vendeu essa relíquia. ������
trabalhei na fábrica acordeões veronese, na rua barão de cotegipe, 400 ao lado da Sogipa...como office boy aos 14 anos de idade...conheci seu Túlio Veronese, bem como seus filhos Fiorello, Ricardo e Orlando Veronese, e alguns de seus netos e netas..A Veronese com os novos tempos assim como a concorrente todeschini, passou a fabricar violões...mas não resistiu e faliu em 1967...a essas alturas eu já havia saido da empresa
o comentário acima foi publicado por mim, elói beneduzi..Na fábrica Veronese, também trabalharam meus irmãos Luiz e Sergio Beneduzi, alem de NELSON HENRY BEBBA, precocemente falecido aos 33 anos de idade...mas que teve uma influência enorme na minha formação politica...de esquerda
Bom dia!!!
Gostaria de saber, a onde posso, levar minha safona, veronese presidente 80 baixo para reparo?
Deixei hoje minha veronese 80 no Delmar em Novo Hamburgo RS, um senhor de 80 anos de idade,a maioria deles dedicado a acordeons. Muito conceituado.
Boa noite ! Feliz em ver essa matéria,pois sou bisneta do vovô Túlio ,neta do Fiorelo !embro bem.de tudo isso ,,!
Boa tarde, onde encontrar um conceituado Luthier de acordeon, região de Campinas.. Tenho minha relíquia e quero efetuar alguns reparos...
Meu saudoso avo
Meu avo obrigado pela homenagem
Tenho uma 60 Baixo que era do meu pai , mandei restaurar em Rondinha RS com o Sr.Lirio que conserta gaitas a decadas, A gaita ficou perfeita, afinada e linda , agora estou aprendendo tocar
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